Apenas uma garota perdida tentando encontrar seu lugar nesse planeta que se chama Terra mas que é tão coberto de gelo.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

#26, 27, 28 - Universal

Acho que incrível como duas pessoas conseguem se entender sem falar o mesmo idioma. Como os sentimentos não variam em espécie mesmo com a separação das fronteiras. Da forma que alguns gestos permanecem os mesmos em culturas completamente distintas. O mais importante de uma viagem como essa não é simplismente melhorar um idioma, mas a real life experience embutida nas horas longas de voos e estadia em um país essencialmente diferente. Por isso, a interação é tão importante. Descobrir que determinados fatos não são verdades, enxergar situaçãos por outros ângulos. Geralmente, as pessoas têm medo das outras, não se sabe o porquê. Em Brasília dificilmente alguém vai conversar com você no ônibus, mas quando se está em um país estrangeiro tem-se aquela ilusão de que se pode fazer tudo o que quiser. Ou quase tudo. Porque existem princípios, assim como Direitos Humanos universais e inalienáveis, que não podem ser abadonados. Todo dia quando eu acordo e pego o ônibus na bus station perto da minha casa, me deparo com as mesmas pessoas: duas brasileiras, um garoto com um cigarro, um árabe e mais umas pessoas que aparecem algumas vezes. As duas brasileiras ficam conversando entre sim em português, o garoto fumando e escutando música com o Ipod e o árabe geralmente ao lado dele (hostbrother). Sempre que eu sentava no ônibus, coincidentemente ficava na frente ou ao lado desse garoto. O engraçado é que ele sempre faz umas caras quando está escutando música. E eu sempre tive curiosidade de perguntar que tipo de música ele estava escutando. Até que um dia eu perguntei. Estávamos sentados no seabus lado a lado. Tirei meu caderno de anotações e escrevi "What are you listening?" e estendi para ele ver. O que eu esperava era que ele ignorasse, mas ele sorriu, tirou os fones e estendeu um para mim. A música era maluca, cheia de batidas e sons, um pouco eletrônica. Ele perguntou o que eu estava escutando. Estendi o fone: Linkin Park. Ele falou que escutava a alguns anos atrás. Ele é da Suíça, da parte germânica, como a maior parte dos suíssos aqui. - e aqui abro um parênteses para fazer uma retificação: os dois suíssos antipaticos de outrora na verdade eram suecos, os suíssos(as) são bem simpáticos e "conversaveis". E desde então nós vamos conversando até que nos separamos e eu sigo caminho para escola. Bom para treinar o inglês - outro parêntese aqui para dizer que não tenho nenhuma segunda intenção. No mesmo dia em que eu conversei pela primeira vez com o Daryl (e eu acho que é assim que se escreve, e ele ainda acha meu nome engraçado), estava voltando a noite no seabus, quando entrei em uma conversa entre uma senhora e senhor sobre música. Ele carregaca dois violinos, um gande e um menorzinho. Ambos eram canadenses. E a senhora tinha exatamente as mesmas opiniões que eu tenho sobre Arte! O que ela mais gosta na Arte é exatamente esse sentimento universal que nos atinge quando escutamos uma música ou vemos uma obra. E isso me lembrou o principal motivo de querer ser diplomata (são vários): interligação entre as pessoas. Eu quero conhecer o máximo de pessoas possíveis, eu quero conseguir vencer suas defesas e fazer com que elas enxergem que amar o próximo não precisa ser tão complicado assim. Eu quero que elas possam ver, o que eu agora enxergo como pessoa, a importãncia de se conversar com um estranho e de olhar os fatos por outros ângulos. Porque o próximo não é o vizinho, mas o cara que senta ao seu lado no seabus ou até mesmo alguém que você nunca viu na vida. E eis o maior desafio da vida: como amar alguém que você não tem laços sanguíneos ou afinidades? Eu e o Daryl temos gostos completamente diferentes, mas eu gosto de conversar com ele. E essa é a chave de resoluções de problemas: respeito. Porque se os palestinos e israelitas se respeitassem e se enxergassem primeiramente como seres humanos do que interesses econômicos, essas diversas pessoas inocentes não teriam morrido. E a minha sina é essa busca pelo sentimento universal. Só quero fazer as pessoas se entenderem.

E veja bem que universal se escreve da mesma forma em inglês e em português.

4 comentários:

  1. Concordo com o último trecho, palavra por palavra. Mas você devia ter mostrado um Funkzão a ele... ahauahua

    ResponderExcluir
  2. hay nay!pareceuu mtoo mais legal sua viagem por aqui do que pelo orkut...e por favor salve nosso mundo!
    =]

    ResponderExcluir
  3. Que bonito :)

    Engraçado que comecei a pensar na mesma coisa quando passei a andar de ônibus quase todo dia pra UnB. Boa parte das vezes são as mesmas pessoas, cada uma no seu canto, com uma sensação de desconforto maior ainda por ninguém estar conversando. E aí comecei a reparar que sempre alguém dava bom dia e boa tarde em elevadores e depois justificava que era de outra cidade e que achava estranho aqui ninguém fazer o mesmo. E mesmo eu tendo morado minha vida inteira aqui eu também acho estranho ninguém, inclusive eu, fazer o mesmo.

    Uns meses depois descobri que é só começar. Todo mundo está doidinho pra ter uma conversa equanto espera o ônibus, mas falta só alguém puxar. É só perguntar "Esse ônibus não chega, você também está esperando o da UnB?" que a pessoa leva o resto da conversa inteira.

    ResponderExcluir
  4. Acho que o pessoal não puxa papo por medo de incomodar.

    ResponderExcluir