Apenas uma garota perdida tentando encontrar seu lugar nesse planeta que se chama Terra mas que é tão coberto de gelo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Preparativos



Tudo começou com uma decepção, daquelas que faz ruir toda a estrutura do seu ser e devora seus castelos de areia formados pelas convicções de toda uma vida. Não sabia o que fazer, nem a quem recorrer, ou para onde ir. Estava perdida no meio de um turbilhão de pensamentos que invadiam minha mente e me diziam que não existem verdades universais. Foi quando surgiu a oportunidade de uma viagem. Era um plano antigo, viajar para um lugar bem longe, onde eu não conhecesse ninguém. E vou confidenciar que ocorreu o mesmo que quando eu escolho um livro: não sou eu que escolho o livro, o livro é que me escolhe. Dessa forma, não fui eu que escolhi o Canadá, o Canadá me escolheu. Uma porta aberta em uma parede sem graça e completamente em branco. Nunca prestei muita atenção no Canadá, e se fosse realmente escolher talvez tivesse preferido a Europa. Mas sinceramente não acho que vale a pena passar apenas um mês no velho continente, e por isso, planejo ir em uma outra época ficar por pelo menos seis meses. Mas essa é outra história. O que interessa aqui é que meus pais perguntaram se eu não queria passar um mês no Canadá e eu não precisei nem pensar duas vezes. Eles recomendaram o Canadá porque vez ou outra alguém diz que lá eles aceitam bem os imigrantes/intercambistas. E então, eu fui até a agência de intercâmbio e fechei o pacote. Gosto muito mais de Francês, mas vou ficar na parte inglesa. E isso remete ao meu segundo motivo: o Instituto Rio Branco. O exame para se tornar diplomata. O Brasil é um dos poucos países do mundo que elabora um concurso público para selecionar seu corpo diplomático e eu o farei quando me formar na universidade. Preciso ser fluente em duas linguas além do português e preciso aprimorar meu Inglês antes de me formar em Francês. Nunca fui muito boa em Inglês. Eu entendo bem e até consigo escrever, mas falar... Uma viagem pode parecer uma simples trivialidade para algumas pessoas, mas está além de aprender uma lingua e entrar em contato com uma nova cultura. Eu fui dependente a minha vida inteira das pessoas: amigos, ex-namorados, família, colegas, duplas em provas... E pela primeira vez nisso tudo, quero ficar sozinha comigo mesma. É triste admitir, mas estou farta das pessoas. Dos erros delas e dos meus. E eu gosto muito do frio. E quero conhecer a neve. E tenho certeza que vou me perder várias vezes. Meus pais e amigos também têm certeza disso.
Mas isso não me importa muito,
porque afinal para se encontrar é preciso se perder.